30.4.16

Folha de Sala | Choose to be Brave

Choose To Be Brave


“Havia dias assim, em que ela compreendia tão bem e via tanto que terminava numa embriaguez suave e tonta, quase ansiosa, como se as suas percepções sem pensamentos arrastassem-na em brilhante e doce turbilhão para onde, para onde...”
Clarice Lispector, in O Lustre,



As coisas mudam de lugar – menos o galo de louça  na prateleira mais alta – os dias passam elegantes e violentos, por vezes animalescos por vezes excêntricos, mas  sempre corajosos, como corajoso é o ato de agrafar o tempo no meio do tecido, uma punição pelo prazer de fazer, uma espécie de  arranca corações , a secreta nostalgia do prazer tirado a ferros.
Tudo pour le plaisir des yeux , sem vergonha, sem pudor e sem culpa.
A coragem dos tímidos
Cão sem dono
Carrasco Santa
Não jogo.

Aspereza
Agrura
Blue Velvet
O prazer solitário do sono

“Tudo o que o amor toca torna-se frondoso”, disse a padeira enquanto me embrulhava um pão de mistura ontem à tarde sem eu perceber bem porquê. Mas é assim.
As coisas mudam de lugar – menos o galo de louça  na prateleira mais alta.



ana vidigal
Abril de 2016