Estou com uma dor no pescoço.
A idade não perdoa e andar com o computador às costas vai para dois meses começa a surtir efeitos.
Estou sentada na sala. A dor incomoda, mas é suportável. Se olhar pelas janelas de vidro consigo ver a ponte. Brouhaha de ais, campainhas, pedidos, vozes de visitas, acompanhantes, bengalas, canadianas e telemóveis . RTP1.
O chão é alcatifado. Conto sete pessoas de olhos fechados. Igual numero de bocas entreabertas. Tenho cinquenta e quatro anos e sou a mais nova nesta sala de estar.
Estou com uma dor no pescoço.
“Hoje é dia dois de Janeiro minha querida” e o soco da afirmação “de 2036 não é?”
Estou com uma dor no pescoço. Suportável.