31.3.13

Dimanche | (estar pronta vírgula)

"São vinte e cinco para as cinco. Ontem, a esta mesma hora eram vinte e cinco para as quatro. O tempo é cada vez mais rápido que eu (...) seguro a chávena com a mão esquerda e ela balança. Insisto no equilíbrio sem resultado. Pouso a chávena. As folhas de chá estão no fundo e eu como elas, estou inerte (...) quantas horas faltam para parar de chover? Continuo de olhos abertos a lembrar-me do livro que começava com uma vírgula. Estou pronta. Sinto-me audaciosamente cobarde e gosto. Gosto muito"

3.3.13

Dimanche | Sem saída

Sem saída

A estrada é muito comprida
O caminho é sem saída
Curvas enganam o olhar
Não posso ir mais adiante
Não posso voltar atrás
Levei toda minha vida
Nunca saí do lugar





2.3.13

"(...) a Beleza, gêmea da Verdade," | Samedi



A um poeta


Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima , e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.