«Quando chegava a estação dos mergulhos, as raparigas encaravam-na com a mesma angústia que sentem as raparigas da cidade ao chegar a altura dos exames de fim de ano. Durante os primeiros anos de escola costumavam fazer concurso para verem quem conseguia apanhar o maior número de conchas no fundo da água — e essa brincadeira iniciava-as na arte de mergulhar e instigava o espírito de competição. Mas quando o divertimento dava lugar à actividade séria e severa, todas as raparigas sem excepção começavam a ser tomadas pelo medo, e a chegada da Primavera apenas significava que se aproximava o detestado Verão. Havia o frio, a sufocação, a indizível angústia de sentir a água penetrar por sob a máscara, o pânico e o medo de desmaiar no momento em que os dedos estavam apenas a alguns centímetros de um haliotis e depois toda a espécie de acidentes e as feridas na ponta dos dedos dos pés, quando para subir de novo à superfície batiam com eles no fundo do mar atapetado de pedaços de concha ponteagudos — e também a fadiga que se apoderava de todo o corpo, em resultado de mergulhos forçados para lá de toda a razão… »
e assim me lembrei hoje de ti, vá lá saber-se porquê.
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